Prefeitura deixa de oferecer hormonioterapia para pessoas trans em Sorocaba

Informação sobre encerramento do atendimento no hospital Santa Lucinda foi levantada por Fernanda um dia após celebração da visibilidade trans

Um dia após a data em que se comemora a visibilidade trans, Sorocaba avança na pauta conservadora de retrocesso e coloca em cheque os direitos conquistados pela comunidade ao longo dos anos. A prefeitura encerrou os atendimentos de processo transexualizador no hospital Santa Lucinda em dezembro, conforme informações levantadas pela vereadora Fernanda Garcia (PSOL). Não há informações sobre um novo local para atendimento.

Em novembro de 2022, o município havia aberto um ambulatório na Unidade Básica de Saúde (UBS) da Vila Fiori, atendendo à comunidade transgênero. Sete meses depois, encerrou as atividades e, depois de diversas críticas, abriu uma sala no hospital Santa Lucinda, lembrou a parlamentar. Agora, novamente, sete meses depois, a cidade está sem um polo para processo transexualizador.

Via requerimento, o município informou, em dezembro, que a hormonioterapia estaria sendo realizada no hospital Santa Lucinda e na UBS Vila Fiori. Em contato com funcionários do hospital, a vereadora foi informada que o Executivo encerrou o atendimento no dia 31 de dezembro de 2023. Já em contato com a unidade básica de saúde, Fernanda foi avisada que a UBS não realiza tal procedimento e foi orientada a contatar o Santa Lucinda.

“Este ato reflete uma clara violação dos direitos humanos e uma manifestação de transfobia institucionalizada. É inaceitável que o sistema de saúde não forneça serviços adequados e inclusivos para todas as pessoas, independentemente de sua identidade de gênero”, criticou Fernanda.

A parlamentar, que se reúne constantemente com líderes e membros da comunidade LGBTQIAPN+, foi informada sobre a precariedade do acesso à saúde pública para pessoas transexuais, transgêneros e travestis. “Os relatos vão desde o descumprimento do direito ao uso do nome social, até obstáculos e filas de espera intermináveis para iniciar a hormonioterapia”, contou ela.

Fila de espera

Ao encontro das violações sofridas por pessoas trans em Sorocaba, Fernanda enviou um requerimento à prefeitura solicitando informações sobre a fila de espera para hormonioterapia. Em resposta, o município informou que 81 pessoas aguardam, havendo cerca de 15 atendimentos mensais.

Fazendo uma conta rápida, se o número de interessados no processo de hormonização não mudasse, seriam necessários cinco meses para ser atendido. Entretanto, sem um ambulatório, o número de interessados deve aumentar e a demanda deve ficar cada vez mais reprimida.

“O encerramento dessas atividades também coloca em risco a vida e a saúde de pessoas trans, que acabam buscando procedimentos clandestinos e fazendo a hormonização sem acompanhamento de um profissional. Sem acesso a cuidados médicos adequados, aumentam os riscos de problemas de saúde física e mental”, afirma Fernanda.

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