Fernanda Garcia faz reunião para discutir crise hídrica regional

Vereadora, SOS Itupararanga e professora da UFSCar Sorocaba discutem conjuntamente a situação da represa que abastece cerca de 85% da cidade de Sorocaba

A vereadora Fernanda Garcia (PSOL) participou de uma reunião para debater a gravidade da crise hídrica na nossa região. Com os níveis cada vez mais baixos da represa de Itupararanga e a previsão de prolongamento da estiagem, a situação do principal reservatório da região é alarmante. Para conversar sobre o tema, a vereadora se reuniu com a diretora executiva da SOS Itupararanga, Viviane Oliveira, com o jornalista Fernando Moraes e com a professora da UFSCar Sorocaba, Dra. Mariana Faiad.

Na conversa, Viviane Oliveira trouxe um relato sobre as reuniões do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio Sorocaba e Médio Tietê (CBH-SMT). O órgão está realizando encontros virtuais para tratar especificamente da crise hídrica e cobrar ações de contingenciamento da Votorantim Energia e das concessionárias dos municípios que captam água da represa.

De acordo com Viviane, se não houver comprometimento na redução da captação por todas as partes envolvidas, algumas cidades que dependem da represa ficarão sem acesso a água para o fornecimento à sua população e outras farão captação de água do chamado “volume morto”.

O volume morto pode apresentar mais sedimentos e matérias nocivas à saúde humana, como alta concentração de metais pesados e bactérias. Essa faixa não é recomendada para o consumo, pois exige maior utilização de produtos químicos para o tratamento e potabilização. Em 2018, na represa Billings, um grupo de pesquisadores da região do ABC Paulista encontrou 12 grupos de bactérias que podem colocar a saúde humana em risco, as amostras que foram retiradas do fundo da represa. Mesmo em pontos com a qualidade da água da superfície considerada boa, houve a presença desse tipo de matéria.

A professora da UFSCar Sorocaba, Dra. Mariana Faiad, que dedica sua pesquisa sobre a participação social e gestão hídrica na Índia, fez um alerta na reunião: a crise hídrica brasileira tem características semelhantes ao do país asiático. Ela aponta que em áreas de maior adensamento urbano, a escassez no acesso de água potável se tornou um drama perene do país, agravado pela privatização e gestão da iniciativa privada sobre controle da água.

Nesse sentido, a vereadora Fernanda lembrou que a utilização da água no Brasil é absolutamente desproporcional entre cadeia produtiva (indústria e agronegócio) e consumo humano, e que é necessário discutir com mais profundidade o uso da água da represa.

“A quantidade de água captada para a geração de energia pelo grupo Votorantim é alarmante. Existem outras possibilidades de fontes energéticas. Penso que a vazão da represa deve priorizar a estabilização entre o consumo humano e o nível da represa. A vazão para geração de energia precisa estar subordinada a essa relação, não o contrário”, enfatizou a vereadora.

Apesar de Sorocaba não legislar sobre o território da represa, que tem seus limites de proximidade no território de Votorantim, a vereadora Fernanda Garcia assumiu o compromisso de participar de ações de fiscalização e divulgação da gravidade do problema. Para isso, ela acompanhará o trabalho da autarquia da cidade, o Serviço Autônomo de Água e Esgoto de Sorocaba (SAAE), cobrando a efetivação de um plano de contingenciamento local, que seja “racional com a população, responsável com natureza e solidário as demais cidades onde a população também precisa de água”.

Além da fiscalização, outro compromisso assumido pelo mandato da vereadora Fernanda Garcia foi o de encampar debates e mobilização, para que a situação ganhe mais publicidade e seja do conhecimento de mais pessoas na região, tarefa que o jornalista Fernando Moraes vem desempenhando junto ao SOS Itupararanga.

Qualidade da Água

No diálogo, Viviane Oliveira também recuperou o histórico da represa, que não se trata apenas de um reservatório: é uma Área de Preservação Ambiental (APA), protegida pela legislação, para que o desenvolvimento das cidades não afete os recursos naturais e estabeleça uma relação equilibrada entre meio ambiente e comunidade.

Entretanto, Viviane lembra que apesar da proteção legal, a APA de Itupararanga sofre uma série de violações, cometidas, inclusive, pelo próprio Estado, que não oferece o saneamento básico adequado nas regiões dos rios que abastecem a represa, com o despejo de esgoto não tratado, o que culmina na degradação da qualidade da água.

Sobre isso, a vereadora Fernanda Garcia também lembrou sobre o lançamento de produtos agrotóxicos pelas lavouras próximas a represa ou de seus afluentes, e a diminuição da vegetação nativa, que “criam um problema de caráter regional que precisa ser enfrentado por todos os municípios que compõem a cabeceira da represa”.

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