Fernanda critica postura do prefeito Rodrigo Manga sobre crise hídrica: “falta de coragem”

Vereadora aponta que é a segunda vez que prefeito chama a imprensa para não tomar nenhuma providência

A vereadora Fernanda Garcia (PSOL) lamentou a entrevista coletiva dada pelo prefeito de Sorocaba, Rodrigo Manga (Republicanos), sobre a crise hídrica. De acordo com a parlamentar, o prefeito fez uma nova agenda para tratar do assunto “de maneira irresponsável”. Na entrevista coletiva, o Manga anunciou a elaboração de um “plano de racionamento” para ser apresentado apenas no dia 12 de janeiro e uma “vistoria” na represa de barco e por sobrevôo, no dia 28.

Na avaliação da vereadora, ele usou da mesma tática do encontro regional de prefeitos: organizou uma coletiva de imprensa para não tomar nenhuma medida prática. “Essa é a segunda vez que o Manga convoca uma coletiva de imprensa para anunciar uma nova reunião, ao invés de uma ação prática. Ele não assume nenhuma medida efetiva, pelo contrário, anuncia ‘nova reunião’, ‘novo estudo’, ‘novo encontro’ etc. Ao invés de um compromisso prático, ele anuncia que vai andar de barco no reservatório”, questiona.

Fernanda também não poupa críticas ao diretor do SAAE, Ronald Pereira. “Ele está sendo convocado desde julho para as reuniões do Comitê de Crise (CT) do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio Sorocaba e Médio Tietê (CBH-SMT). O governo sabe que estamos entrando aceleradamente no volume morto da represa e, mesmo assim, não tomam nenhuma medida prática. Falta responsabilidade e coragem”, avalia Fernanda.

A vereadora ainda destaca que além de ações emergenciais para enfrentar essa crise hídrica, é necessária a revisão da outorga da represa para a Votorantim Energia. “Enquanto o volume do reservatório estiver subordinado a produção hidrelétrica para fins comerciais da Votorantim Energia, vamos continuar tendo problemas crônicos na gestão hídrica. Eu já levei essa discussão para o Parlamento Regional, entretanto mais lideranças precisam entrar neste debate. Se esse modelo de concessão predatória permanecer, vamos ter que discutir racionamento no abastecimento todos os anos”, aponta.

Fernanda também faz uma avaliação de que o prefeito de Sorocaba está subordinando ações administrativas ao medo de perder popularidade. “O prefeito faz uma aposta perigosa. Ao invés de tomar medidas administrativas de racionamento precoce de água, para evitar a chegada ao volume morto, ele parece estar apostando no uso do volume morto e torcendo para retomada das chuvas antes do secamento total de Itupararanga. Ao tentar salvar sua imagem como ‘o prefeito que não deixou faltar água’, ele está escondendo a real situação”, avalia a vereadora.

Como exemplo, a vereadora destaca o momento da entrevista coletiva, onde o prefeito assume a retórica de tranquilização da população, ao invés de mostrar a gravidade da situação. “Se a população perguntar: – Manga, qual é o risco de faltar água hoje? Eu respondo: – Não, hoje não há risco de faltar água”, afirmou na abertura da coletiva, emendando que caso a população não economize, aí sim uma possível falta de água pode atingir a cidade e a região.

Em aferição feita na última terça-feira (14), a represa de Itupararanga apresentou o menor índice de volume dos últimos 96 anos, com apenas 18,96% de sua capacidade. Esse índice está abaixo da cota de volume útil, quando chegar abaixo de 813,50 (metros acima do nível do mar), o reservatório terá atingido o volume morto.

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