Nota de repúdio à perseguição do vereador Fernando Dini à servidora da Câmara Municipal

É com a mais profunda indignação que o nosso mandato vem, nesta semana do dia Internacional de Luta das Mulheres, informar o caso de perseguição política do vereador Fernando Dini (MDB) sobre a servidora da Câmara Municipal de Sorocaba, a advogada Juliana Tang Sanches.

Demonstrando autoritarismo, o vereador fez uma representação à Mesa Diretora da Câmara Municipal de Sorocaba, pela abertura de um Processo Administrativo Disciplinar (PAD) contra a nossa colega, no intuito de silenciar a sua posição política e seu direito à livre expressão.

O motivo da abertura do procedimento foi um comentário feito por Juliana, no dia 10 de fevereiro de 2023, no Instagram. Ela, assim como dezenas de cidadãos, interagiram com um vídeo divulgado pela vereadora Fernanda Garcia, onde Fernanda e Dini discutem em sessão ordinária o aumento da cota de combustível para os parlamentares. Dini se sentiu exposto pela divulgação da vereadora Fernanda nas redes sociais, e então soltou uma série de adjetivos à vereadora, classificando sua forma de fazer política como “muito nojenta” e “hipocrisia”. Ele também sai da esfera política e parte para a ofensa à honra da vereadora, dizendo que ela teria o “caráter falho”.

A postura do vereador causou indignação em muitos munícipes. Entre eles, Juliana Tang, que comentou na publicação “Nojenta é a política machista que esse vereador e tantos outros representam!”. Esse comentário despertou a ira do vereador, que três dias depois, protocolou uma representação contra a servidora, com a seguinte justificativa: “É inadmissível que uma servidora da Casa use redes sociais para proferir ofensas e comentários depreciativos a um Vereador, cuja autoridade é legítima dentro do Parlamento”.

Tudo que a Juliana fez no seu comentário foi repetir a mesma palavra dita pelo vereador.

A indignação de Fernando Dini com o comentário de Juliana Tang diz muito sobre ele. Para o vereador, na sua condição de “autoridade”, tem o direito de classificar o que considera ser “uma política nojenta”, mas quando uma mulher manifesta sua opinião sobre o que considera “uma política nojenta”, ela deve ser punida. Essa prática evidencia a tradição de tentar silenciar as mulheres. O vereador age como se as mulheres fossem subcidadãs e tivessem menos direitos que ele.

Juliana Tang não é a única vítima dessa prática. Em outros episódios, Dini também perseguiu politicamente outras mulheres.

No dia 8 de novembro de 2019, quando ainda era presidente da Câmara Municipal de Sorocaba, Fernando Dini cortou o microfone da vereadora Fernanda Garcia explicitamente. Ele cerceou a vereadora justificando que a “casa estava recebendo outras autoridades”, criando uma regra inexistente no regimento interno da Câmara. Quando a vereadora questionou sua atitude, ele cortou novamente por mais duas ocasiões, numa postura autoritária e misógina, anunciando que só liberaria a palavra da Fernanda, a depender do conteúdo. Se o tema da fala dela voltasse a questionar a conduta do presidente, ele cortaria novamente. Não há precedentes desse tipo de atitude no Poder Legislativo municipal nos tempo democráticos.

Recentemente, outro episódio protagonizado pelo vereador causou espanto em toda cidade, ao perseguir a superintendente do Procon, em plena sessão ordinária do dia 02/03/2023, pela foto do seu avô ter desaparecido do prédio que sedia a unidade do Procon. O Palácio do Consumidor, como é conhecido o prédio, passou a ser batizado pelo nome de “Pedro Dini”, em homenagem póstuma ao avô do vereador. Durante a sessão, ele citou o nome da superintendente, reiteradas vezes, e a qualificou como “incompetente”, “descomprometida” e que “não tem capacidade para cuidar do Procon”, além de dar prazo de “uma semana para ela encontrar a foto”.

Além de quebrar o princípio da impessoalidade por usar o mandato para defender interesses pessoais e familiares, enviando sua assessoria ao prédio do Procon para receber explicações sobre a foto, ele novamente reforça a sua postura de perseguição às mulheres. Ele demonstra essa postura agressiva e incisiva sempre com alguma mulher, nunca com um homem.

Quando falamos sobre o machismo estrutural, que afasta as mulheres dos espaços de poder, estamos falando sobre um conjunto de atitudes como as do vereador Fernando Dini, que sempre têm uma mulher como alvo. Isso se reflete desde a diferenciação no tratamento cotidiano à opção de atacá-las no âmbito da pessoalidade acima das ideias e fatos, sempre na intenção de desqualificar, perseguir e até tentar puni-las usando de mecanismos administrativos como forma de silenciamento, – violência institucional – como no PAD aberto contra Juliana Tang.

Nosso mandato se solidariza com Juliana e todas as mulheres que sofrem com este tipo de postura. Nessa semana do Dia Internacional de Luta das mulheres, não queremos receber falsas homenagens de homens que durante os outros 364 dias do ano nos perseguem.

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