Fernanda Garcia vota contra projeto que aumenta subsídio de vereadores

Após manobra da Mesa Diretora, projeto substitutivo é arquivado e o projeto original, de maior valor, foi votado em “modo turbo”

Com um processo escuso e duvidoso, o projeto que aumenta os vencimentos mensais dos vereadores para 18 mil reais, mais um pagamento de 13º “salário”, foi aprovado nesta manhã, dia 04, durante a 17ª sessão ordinária com os votos da base do governo Manga. A vereadora Fernanda Garcia (PSOL), além de votar contra, teceu críticas ao trâmite.

“Votamos contra porque entendemos que o valor mencionado não se enquadra na realidade da classe trabalhadora brasileira, o que para nosso mandato é um absurdo. Acreditamos que o melhor índice para basear a correção dos subsídios dos vereadores, é o de correção do salário mínimo, assim como a massa de trabalhadores”, indica a vereadora que apresentou uma emenda com este teor na primeira votação do texto, no ano passado, mas reprovada pela Comissão de Justiça.

Fernanda diz que os legisladores são essenciais na sociedade e que um pagamento justo por seus serviços é necessário, contudo, este não deveria ser tão diferente da maioria. “Existe uma responsabilidade ainda maior quando se trata da votação dos seus próprios vencimentos, uma vez que somos os únicos [os legisladores] que têm essa autonomia. Mesmo que este reajuste seja para a próxima legislatura, a edilidade deve sempre se lembrar que aqui é um espaço representativo, por isso não se deve fazer desta Casa um local aristocrático com correções salariais diferenciada da média da sociedade”, enfatiza.

Atropelo e suspeição

O modo acelerado de votação também foi criticado pela vereadora de oposição. “Estávamos em discussão, é direito de todo vereador eleito debater o tema proposto a fim de esclarecer também para a população o que está acontecendo, isso é transparência, mas o que ocorreu nesta manhã é vergonhoso. Houve claramente uma manobra que a Mesa Diretora, liderada pela presidência, para que fosse votada às pressas”, disparou Fernanda.

De acordo com a parlamentar, o projeto substitutivo que aumentaria o subsídio dos vereadores para o valor de 15 mil reais, foi retirado “à francesa”, enquanto a população na galeria se manifestava e ainda mais rápido, foi aprovado o de maior valor em uma votação simbólica. “Faltou coragem. Se estes que votaram a favor estivessem certo, não teriam medo de colocar seu voto no painel”, disse a vereadora que completou: “Nosso mandato já apresentou um projeto que altera o Regimento Interno desta Casa, para que projetos como este sejam votados de forma nominal – no painel -, obrigatoriamente é uma forma de barrar as atuais manobras que vem ocorrendo e manchando a história democrática de nossa cidade”, informou.

Pela condição simbólica da votação que não traz transparência no processo, nem mesmo a vereadora soube nominar os votos contra e a favor ao projeto, mas pelo seu voto contrário já recebeu ataques de alguns edis. “A narrativa do ‘real voto contra’ na próxima legislatura é uma falácia, afinal não se sabe quem estará neste plenário em 1º de janeiro de 2025, o que se sabe, é que hoje a atual base governista aprovou este projeto impopular, sem levar em conta a atual vida do trabalhador brasileiro”, finaliza Fernanda.

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