Iniciativa feita em conjunto com a vereadora Iara Bernardi e Francisco França precisa de sete assinaturas para ser instaurada
O escândalo de contratos com empresas ligadas ao crime organizado em Sorocaba pode ser alvo de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI), na Câmara Municipal de Sorocaba. A iniciativa, encabeçada pela vereadora Fernanda Garcia (PSOL), Iara Bernardi (PT) e Francisco França (PT) foi anunciada em sessão ordinária desta terça-feira (30). Além dos três proponentes, a comissão parlamentar precisa de mais quatro adesões para ser instaurada.
De acordo com Fernanda Garcia, é imprescindível que o Poder Legislativo contribua com as investigações. “Estamos diante de um escândalo de proporção nacional, onde o Poder Público Municipal é apontado por celebrar contratos com empresas ligadas ao Primeiro Comando da Capital (PCC), facção criminosa que expandiu seus tentáculos para contratos a instituições públicas. Precisamos entender melhor a natureza dessas relações em Sorocaba e se há alguma relação obscura com agentes públicos na efetivação destes contratos”, defende.
Fernanda ainda argumenta que a adesão dos vereadores à CPI vai expor o grau de compromisso deles com a ética e o combate à corrupção. “Os vereadores discursam muito contra a corrupção. Essa proposta de CPI é uma oportunidade deles contribuírem com a apuração dos fatos. Ela vai definir quem usa esse discurso retoricamente e quem tem compromisso com a investigação séria e independente”, defende.
O caso
Contratos da Prefeitura Municipal de Sorocaba e Câmara Municipal são investigados pelo Ministério Público do Estado de São Paulo, por serem celebrados com empresas ligadas à facção Primeiro Comando da Capital (PCC).
No dia 16 de abril, o MP-SP deflagrou uma operação que investiga a participação de empresas ligadas à facção em licitações irregulares em prefeituras e câmaras municipais do estado de São Paulo. A operação realizou a prisão de 13 pessoas, sendo três vereadores das cidades de Cubatão, Ferraz de Vasconcelos e Santa Isabel.
Em Sorocaba, duas empresas apontadas como integrantes do esquema totalizaram mais de R$ 26 milhões em contratos firmados com a Prefeitura e a Câmara, entre 2018 e 2024. De acordo com as investigações, Sorocaba estava no itinerário de propina onde essas empresas enviavam dinheiro a agentes públicos ou políticos.
Na noite da última segunda-feira (29/04), promotores do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) revelaram que o ex-secretário de Administração da Prefeitura de Sorocaba, José Marcos Gomes Júnior, seria um dos elos entre o Poder Público e as empresas ligadas ao PCC.
Além de Sorocaba, as cidades de Guarulhos, São Paulo, Ferraz de Vasconcelos, Cubatão, Arujá, Santa Isabel, Poá, Jaguariúna, Guarujá, Buri, Itatiba estão com contratos sob análise do MP. A suspeita é de que os contratos irregulares tenham atingido pelo menos R$ 200 milhões nos últimos anos.