Exposição fotográfica sobre a crise hídrica é inaugurada na Câmara Municipal

De autoria do fotógrafo Tiago Pelegrini Macambira, exibição foi intermediada pela vereadora Fernanda Garcia para alertar a gravidade da situação da represa de Itupararanga

A Câmara Municipal de Sorocaba inaugurou hoje a exposição fotográfica “A ‘difícil’ escolha entre o lucro e a vida”, que aborda a crise hídrica no reservatório de Itupararanga. De autoria do fotógrafo Tiago Pelegrini Macambira, a exibição do trabalho teve início nesta quarta-feira (08/09) e deverá permanecer até o dia 27 deste mês.

O acervo de imagens mostra o baixo nível da represa, que abastece mais de 80% da cidade de Sorocaba, e também abrange outros municípios, como Cotia, Vargem Grande Paulista, Ibiúna, Piedade, Mairinque, Alumínio e Votorantim. No trabalho, Macambira, que também é geógrafo e ciclista, expõe diversos fenômenos que ocorrem ao entorno do reservatório, como as constantes queimadas, a plantação de eucaliptos na forma de monocultura no território da Área de Proteção Ambiental (APA) de Itupararanga e as atividades econômicas na região, de extração de celulose, fabricação de cimento e produção de energia elétrica, executadas pelo mesmo grupo econômico que controla a vazão da represa.

No texto de apresentação da exposição, o autor remonta a origem indígena do nosso território e o conhecimento adquirido pelos nativos sobre a natureza e as suas propriedades, em contraposição com a exploração capitalista que ocorre nestas mesmas áreas nos dias atuais.

“Esse conhecimento logo foi apropriado e utilizado pelo colonialismo português para explorar os recursos naturais existentes na região até meados do século XIX. Depois disso, foi a vez do imperialismo britânico atracar neste território e construir, entre outras estruturas, uma barragem pra gerar energia, exatamente no local em que os povos originários diziam ter uma cachoeira. Em seguida, já na década de 1930, a Votorantim Cimentos passa a explorar o calcário, a ‘serra branca’, conhecimento sobre os recursos minerais que os povos indígenas também já possuíam. Hoje o Grupo Votorantim possui empresas de capital aberto e funciona como mais um tentáculo do imperialismo internacional, cujo principal objetivo é gerar lucro para seus acionistas que vivem principalmente na América do Norte e Europa, custe os recursos naturais que custar para a população local”, aponta.

A vereadora Fernanda Garcia (PSOL), que solicitou o espaço para a exposição junto a Câmara Municipal de Sorocaba, após conhecer parte do acervo pela internet, considera o trabalho de Tiago Macambira uma aula de geografia.

“Temos os principais ingredientes da crise hídrica expostos nas imagens. A natureza, com seus recursos, elementos e características; a ação antrópica, provocada pela modificação do ambiente pela força e o trabalho humano; e a determinação do capital, que subordina os dois anteriores ao seu tempo, a sua velocidade e agressividade, provocando o desequilíbrio entre eles. Esse trabalho é uma aula e merece ser exposto nos espaços públicos, culturais e educacionais”, avalia a vereadora.

Com a recente reabertura da Câmara Municipal de Sorocaba, a exposição está acessível para todos os munícipes. A visitação é gratuita e livre. As imagens permanecerão fixadas no corredor do Plenário da Câmara durante 20 dias.

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