Mês de alusão à saúde mental inicia com a falta de remédios psiquiátricos de alto custo

Vereadora Fernanda Garcia faz a denúncia após receber mensagens de familiares de pacientes portadores de esquizofrenia sobre a falta de Clozapina

O primeiro mês do ano, assim como a maioria, tem uma cor que representa uma causa a ser lembrada, em janeiro, o branco vem lembrar da importância da saúde mental. Essa campanha de extrema importância, contudo, inicia mais uma vez em Sorocaba apenas com o mérito midiático. Esta constatação é feita pela vereadora Fernanda Garcia (PSOL) após receber informações sobre a falta de medicamentos de alto custo para o tratamento de transtornos mentais na cidade.

De acordo com a legisladora, a mesma recebeu mensagens de representantes da Associação Brasileira de Amigos, Familiares e Portadores de Esquizofrenia (ABRE) contando que em boa parte do território nacional, inclusive Sorocaba, padece com a falta de uma medicação deste transtorno que afeta mais de 1,5 milhão de brasileiros, de acordo com o Ministério da Saúde. “Mais uma vez precisamos denunciar o descaso com o tratamento psiquiátrico de Sorocaba. É inadmissível o que os pacientes tenham que passar para readquirirem sua qualidade de vida. A falta destes remédios coloca em risco as vidas dos pacientes assistidos e a segurança de seus familiares”, disse Fernanda.

Nas mensagens recebidas pela vereadora é possível constar que o problema é antigo: “na denúncia está escrito que o paciente não recebe sua medicação há dois meses, pelo erro dos poderes públicos estadual e municipal que não tem um projeto claro de atendimento a essa parcela da sociedade que já sofre com o preconceito. Vou cobrar pelos meios necessários a Diretoria Regional de Saúde (DRS) e vou procurar por meio de requerimento um parecer da Prefeitura de Sorocaba sobre esta questão “, garantiu a parlamentar que na tarde do último dia 06 protocolou na Secretaria de Saúde um ofício para entrega emergencial dos medicamentos.

Fernanda também comenta que falta de medicamentos psicotrópicos de alto custo poderia ser discutida na etapa municipal da 3ª Conferência Estadual de Saúde Mental, contudo, uma portaria da Secretaria de Saúde de Sorocaba (SES) desobriga a realização da mesma. “Infelizmente é esperado da administração da pasta da saúde esta atitude. Sem a etapa municipal, fica extremamente mais difícil achar soluções em conjunto para Sorocaba, trazendo novamente a ideia errônea e ‘messiânica’ que a iniciativa privada e o retorno da clausura de pacientes psiquiátricos é a melhor solução. Sorocaba tem uma dívida histórica com os neurodivergentes e com essas atitudes, ela só aumenta”, disse Fernanda.

Luta antimanicomial

No último semestre de 2021, após uma Audiência Pública proposta pela vereadora Fernanda Garcia com o tema “terceirização na saúde pública”, a vereadora trouxe como encaminhamento a fiscalização de equipamentos públicos de saúde mental na cidade, onde mais de 90% são administrados pela iniciativa privada. As visitas ocorreram com o apoio do Fórum Popular de Saúde e do Fórum da Luta Antimanicomial de Sorocaba (FLAMAS).

A equipe finalizou no final de novembro as fiscalizações aos Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) e teve como resultado um relatório parcial enviado à Mesa Diretora da Câmara de Sorocaba. “Após a finalização das visitas aos CAPSs, eu e os Fóruns citados anteriormente realizamos visitas às Residências Terapêuticas. Na fiscalização damos atenção aos mínimos detalhes, agora, com esta denúncia continuaremos nosso trabalho buscando o tratamento digno que esta população merece”, finalizou a parlamentar.

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