Ataques ocorreram após vinda da presidente do Conselho da Mulher de Sorocaba à convite de Fernanda Garcia
A defesa da integridade da mulher deveria ser um consenso em toda a sociedade. Entretanto, foi justamente o oposto que aconteceu na Câmara Municipal de Sorocaba, na primeira sessão ordinária de 2022, realizada na última terça-feira (01). O Conselho Municipal dos Direitos da Mulher (CMDM) que teve espaço de fala na sessão, cedido a partir da solicitação da vereadora Fernanda Garcia (PSOL), foi ridicularizado pelo prefeito, Rodrigo Manga (Republicanos) e vereadores da base aliada, após o órgão questionar o rumo das investigações sobre a bala de fuzil encontrada no armário, em prédio público municipal.
Através da sua presidente, Dra. Emanuela Barros, o CMDM recebeu votos de congratulação da vereadora Fernanda Garcia e teve cedido o tempo de fala da vereadora, para cobrar apuração da ameaça sofrida há mais de três meses. Entretanto, o que deveria ser apoio e solidariedade, se tornou palco de deboche e acusações infundadas, iniciadas pelo chefe do executivo.
“Os ataques lançados pelo prefeito de Sorocaba, Rodrigo Manga e alguns vereadores de sua base só reforçam o ambiente hostil que está se criando neste governo contra as mulheres. As ameaças de que o conselho vem sofrendo, como o caso da bala de fuzil junto de um frasco de própolis, deveriam ser apuradas até o limite, para que se encontre os criminosos. Ao invés disso, o prefeito debochou abertamente das conselheiras, e ficou atacando a presidente, ao invés de assumir compromisso de apurar os fatos. Inadmissível”, avalia Fernanda que complementa, afirmando que além de não apurar o caso, a prefeitura passou a perseguir o Conselho da Mulher.
“Como se já não bastasse ter ignorado o caso, a prefeitura ainda abriu um processo administrativo com ataques ao Conselho e suas representantes. Aparentemente, este governo faz a opção deliberada de botar panos quentes nas investigações e elegeu o Conselho da Mulher como inimigo. Essa postura do governo Manga demonstra uma nítida perseguição ao órgão”, disse Fernanda Garcia.
A vereadora que acompanhou toda a série de insultos e calúnias, lembra que os conselhos da cidade têm sido desrespeitados sistematicamente. “O governo de Rodrigo Manga mostra sua verdadeira face: midiático e autoritário. Não escuta as necessidades dos conselhos e quando é questionado publicamente, como no caso de terça, parte para o desrespeito. É triste que os conselhos tenham que gritar para serem ouvidos, e depois ainda serem taxados de “barraqueiros” nas redes sociais”, lamenta a parlamentar.
Documento
Como meio de denúncia dos fatos, a presidente do CMDM, apoiada pelas vereadoras da Casa, trouxe um relatório com todas as ações do conselho de direitos da mulher no período de 2018 até o presente momento. De acordo com o órgão, a entrega deveria ser feita diretamente ao prefeito em seu gabinete, contudo elas apontam falta de interesse de Rodrigo Manga em se reunir com o CMDM. Este seria estopim da discussão. “Sempre chegam reclamações ao nosso mandato sobre a falta de diálogo entre o Poder Executivo e os conselhos municipais. No caso do Conselho da Mulher, a presidente Emanuela tenta uma reunião há mais de um ano, mas infelizmente esta gestão os usa somente como palanque para lives” alertou.
Ameaça
No dia 25 de novembro do último ano, durante os “16 Dias de Ativismo pelo Fim da Violência contra as Mulheres”, as vereadoras Fernanda Garcia, Iara Bernardi (PT) e o Conselho Municipal dos Direitos da Mulher (CMDM) promoveram a Audiência Pública: “A violência que sofremos ao combater a violência”, onde foi debatida a questão da tentativa de silenciar mulheres na busca por direitos. Durante a fala da presidente do conselho veio à tona um caso de ameaça ocorrido no Centro de Referência da Mulher (CEREM), onde foi encontrado um projétil de fuzil de uso exclusivo das forças armadas dentro de um armário recém colocado na sala onde o CMDM está alocado. “Foi doloroso ouvir o relato. Imagine-se no lugar delas, onde após o susto da ameaça, ainda são ignoradas pelo poder público após as denúncias. E ainda pior, ser culpabilizada pelo caso. Você não se revoltaria?”, questionou a vereadora.
“O trabalho que o CMDM apresenta nos últimos anos é exemplar. O conselho contribuiu decisivamente em conquistas na proteção às mulheres. Não vamos deixar que o retrocesso vença. Não irão nos calar, os conselhos tem o apoio do mandato e lutaremos com eles até que este fato seja esclarecido”, finalizou Fernanda Garcia.