Vereadora Fernanda Garcia denuncia demora para realização de exames e também para acesso a consulta com médicos especialistas; vereadora fez representação ao MP
“Enquanto o prefeito Rodrigo Manga (Republicanos) se envolve em inúmeras polêmicas a respeito do conflito em Israel, brigas com artistas e difusão de informações falsas, a saúde pública municipal está agonizando”, afirma a vereadora Fernanda Garcia (PSOL).
De acordo com a vereadora, a saúde na cidade está “completamente abandonada”, com a demora para a realização de exames simples e consulta com especialistas. Fernanda, inclusive, apurou que os exames laboratoriais tiveram redução de mais de 25 mil procedimentos, entre o primeiro e o segundo quadrimestre deste ano – este levantamento levou a vereadora a fazer uma representação ao Ministério Público, no dia 3 de outubro.
“É triste que Sorocaba tenha uma das administrações mais ausentes da sua história. A promessa de campanha do prefeito Rodrigo Manga era de zerar as filas de saúde, ele não apenas descumpriu, como aumentou a demanda. Está faltando prefeito em Sorocaba”, avalia.
O mandato da vereadora Fernanda Garcia está recebendo denúncias de munícipes de que diversos exames estão sendo represados nas Unidades Básicas de Saúde (UBSs).
“Muitos munícipes estão relatando que, ao solicitar a realização de exames nas UBSs, estão sendo informados que precisam voltar outro dia pelo fato da ‘unidade ter atingido a cota de exames’. Isso é muito grave. O atraso na realização de um exame pode significar o atraso no diagnóstico de algum problema de saúde”, alerta a vereadora.
Sobre a “cota de exames” denunciada pelos munícipes, Fernanda relata que questionou a prefeitura e percebeu o que entendeu ser o uso político da saúde, com o represamento da demanda neste ano e aumento do atendimento em 2024, ano que Manga disputará a reeleição.
“Nossa hipótese era que a prefeitura tinha reduzido o contrato com a empresa conveniada, devido a irresponsabilidade financeira do governo. Entretanto, a coisa pode ser ainda pior: o próprio secretário de saúde assumiu, em reunião do Conselho Municipal de Saúde, que houve redução de procedimentos, mas não houve modificação contratual. Como o contrato prevê a realização de 4 milhões de exames durante 24 meses, o que está acontecendo é um represamento proposital da demanda para o aumento de atendimentos em 2024, quando o prefeito disputará a reeleição”, denuncia a vereadora.
Fernanda critica a decisão do governo Manga. “Eles estão brincando com a vida da população. A demora no diagnóstico pode ser a diferença entre a vida e a morte do paciente. Mas, para o prefeito, primeiro vem o cálculo político, só depois as obrigações do cargo”.
Representação no Ministério Público
A vereadora Fernanda Garcia (PSOL) abriu uma representação no Ministério Público após verificar uma diminuição na oferta de exames laboratoriais oferecidos pela AFIP Sorocaba. O documento, datado de 26 de setembro deste ano, demonstra que a empresa contratada realizou 25.118 exames a menos na comparação entre o primeiro e o segundo quadrimestre de 2023.
Conforme os dados levantados por Fernanda, a conveniada AFIP Sorocaba realizou 761.004 procedimentos com finalidade diagnóstica no primeiro quadrimestre deste ano, enquanto, no segundo quadrimestre, o número caiu para 735.886. Apesar da diminuição do serviço ofertado, o contrato com a instituição conveniada não foi alterado, prevendo mais de 4 milhões de exames no período de 24 meses. O valor total é de R$ 14.8 milhões aos cofres públicos.
Ainda de acordo com a representação, a falta de atendimento na saúde também afeta a população que precisa de exames oftalmológicos. O portal da transparência acusa a existência de um convênio firmado com o Banco de Olhos de Sorocaba para realização de 701 cirurgias de cataratas.
Entretanto, as pendências de exames acarretaram no cancelamento de 214 cirurgias. Até aquela data, mais de 2 mil munícipes aguardavam o procedimento cirúrgico para catarata, tendo uma média de 98 casos novos por mês contra 63 vagas, gerando um tempo de espera de quase três anos.
A representação pede instauração de Inquérito Civil e, se acatada pelo Ministério Público, o Poder Executivo deverá se manifestar para prestar esclarecimentos.