“Foi lamentável, uma clara demonstração de autoritarismo”. No início desta tarde, dia 03, fui barrada junto com representantes do Fórum da Luta Antimanicomial de Sorocaba (FLAMAS) e do Instituto Contraproposta, ambos da sociedade civil, de participarmos da “Coletiva de imprensa” que trataria da questão da possível migração de pessoas em situação de rua alocadas hoje no Centro de São Paulo e adictos, para as cidades no interior.
Esse debate é extremamente sério e considero que os ramos da saúde mental, dos movimentos sociais que convivem com pessoas em situação de rua e também demais esferas da política, devem ser ouvidos e ainda mais, seus apontamentos precisam ser tratados com a devida atenção, contudo, não foi isso que vimos na atual gestão que fecha-se na materialização do egocentrismo que é o “sexto andar”, com sua cúpula de agentes de segurança e demais privilegiados.
O gestor municipal desde o momento que se sentou na cadeira de prefeito tem apresentado uma política de perseguição aos que discordam de suas visões midiáticas. Procura a qualquer custo desmontar as políticas públicas abrindo as portas para as terceirizações e, principalmente, busca a qualquer custo implantar novamente uma política manicomial, de internações compulsórias e de criação de clínicas de reabilitação com posturas autoritárias e de viés religioso que, muitas vezes, nada tem de realmente científico.
Outra questão preocupante nesta reunião em que fui barrada junto com a sociedade civil trata-se da presença ostensiva de representantes das forças de segurança de todo estado, contraponto a única presença de uma pessoa que tem conhecimento em saúde mental, que é o próprio secretário de saúde e também da assistência social do secretário da pasta de cidadania, e nada mais.
Tenho percebido que essa “caça às bruxas” vem também em tom de sensacionalismo, uma vez que não é totalmente explicada essa questão: Quantas pessoas migraram até o momento? E quem as trouxe? E por quê Sorocaba e não as cidades de origem das mesmas? Sem este pontapé, as hipóteses não podem ser provadas, a menos essa: Tratar as pessoas em situação de rua e dependentes químicos somente pelo olhar dos agentes das polícias, no intuito de reprimir e não de cuidar da maneira correta destes seres humanos é um uma evidência clara da tentativa de ações de higienismo social e aporofobia não somente em Sorocaba, mas em toda a região.
Por fim, reitero minha indignação com o ocorrido desta tarde. Uma reunião que trata questões de relevância para a cidade, como está, não só poderia, como deveria ter a presença de representantes do legislativo. O autoritarismo não parará as lutas, continuarei, junto com os movimentos sociais, a reivindicar a atenção necessária para esse assunto de saúde pública.