Após fake news do prefeito Rodrigo Manga, vinculando a vereadora à pedofilia, Fernanda já recebeu sete ameaças através das redes sociais
A vereadora Fernanda Garcia (PSOL) compareceu na tarde desta segunda-feira (02), à 2ª Delegacia de Polícia de Sorocaba (2º DP) para levar materiais comprobatórios das ameaças sofridas em ambiente virtual, após a fake news divulgada pelo prefeito Rodrigo Manga (Republicanos). A vereadora havia aberto o boletim de ocorrência contra o prefeito por difamação e também contra os autores das ameaças no dia 23 de setembro e, na última sexta-feira (29), representou os acusados para dar sequência às investigações.
De acordo com a vereadora, é muito grave que as pessoas se sintam à vontade para ameaçá-la, e, mais ainda, a ação do prefeito de incitar este público a partir de mentiras.
“Lamentavelmente, o prefeito de Sorocaba escolheu o caminho de tentar intimidar esta vereadora, incitando seu público a me ameaçar a partir da construção de uma mentira. O prefeito Rodrigo Manga está tentando me intimidar pelas denúncias e fiscalização que eu faço sobre o seu governo, que está sendo marcado por escândalos”, denuncia Fernanda.
A vereadora vai além e elenca dois motivos recentes, que na visão dela, encorajaram o prefeito a tomar a decisão de persegui-la. O primeiro, teria sido a representação feita por Fernanda Garcia, pela revogação da lei dos cargos de diretor de área.
“O principal motivo é, sem dúvidas, a representação no Ministério Público, que movemos contra a criação dos cargos de diretores de área. Como Manga usa estes cargos políticos como barganha de negociação eleitoral, ele certamente ficou irritado com o fato do Conselho Superior do MP ter aceito nossa representação e ter ido além, pedindo a revogação de 542 cargos comissionados na prefeitura. O caso está na justiça e poderá colocar um fim ao cabide de empregos que ele criou para seus aliados na prefeitura”, aponta.
O outro, segundo Fernanda Garcia, é a tentativa de instaurar uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI), para apurar a denúncia da TV Tem, sobre o caso dos contratos firmados entre a Prefeitura Municipal de Sorocaba com empresas e entidades ligadas à Jorge Domingos Hial, o Tupã, que era diretor de trânsito na Urbes indicado pelo prefeito. De acordo com a TV Tem, pelo menos R$ 32 milhões em contratos foram firmados durante o governo Manga.
“Este novo escândalo, que foi amplamente abordado pela televisão, é só mais um entre muitos protagonizados nesta administração. Como Manga não consegue justificar seus bens bloqueados, aliados presos no seu governo, e este novo escândalo, ele precisa criar uma nova pauta, atacando uma pessoa que fiscaliza o seu governo, a partir de uma pauta mentirosa. É aquela velha tática, constantemente usada por ele, de tentar criar um inimigo fictício para se colocar como herói. Isso distrai as pessoas, gera entretenimento e oculta os verdadeiros problemas da cidade. Entretanto, conosco ele não vai fazer palanque. Vamos até o fim para que ele responda pela grave difamação que está ameaçando a minha segurança”, avalia a vereadora.
Relembre o caso
No dia 21 de agosto, o prefeito Rodrigo Manga divulgou um vídeo nas redes sociais, apresentando uma fala recortada da vereadora Fernanda Garcia, onde além de ser retirada de contexto, ele também adiciona efeitos em uma abordagem depreciativa à vereadora. A fala dela ocorreu em uma sessão na Câmara Municipal de Sorocaba, onde os vereadores usavam a palavra a respeito do debate sobre a pedofilia. Na ocasião, Fernanda disse que “pedofilia é uma doença e que é um crime”.
De acordo com a vereadora, usando o recorte deste trecho, Manga tentou tirar o debate de contexto, criando uma falsa oposição entre as duas coisas.
“No vídeo que ele fez, tenta colocar uma interpretação inexistente na minha fala. Quando digo que pedofilia é uma doença, não é uma opinião minha, trata-se da posição da Organização Mundial de Saúde (OMS), que declara a pedofilia como uma patologia relacionada ao transtorno da preferência sexual. Isso não exclui o fato de que a prática de crimes sexuais contra vulneráveis já seja enquadrado no código penal, portanto é um crime, como eu também disse. Manga, de forma oportunista, tenta insinuar que eu defendo a impunidade a quem comete esse tipo de ação contra crianças, jovens e adolescentes. O que é um absurdo, pois eu nunca disse isso”, explica a vereadora.